A prática da autorresponsabilidade traz o controle sobre os eventos de sua vida. É a certeza de que ninguém, além de você, é responsável por todas as suas experiências de vida e pelo futuro que você cria. A autorresponsabilidade impacta diretamente no alcance de metas; trata-se de uma relação de causa e consequência. A pessoa autorresponsável está amparada, pois ela a ajuda a dizer "não" quando necessário, sem se sentir culpada ou responsável pelos sentimentos dos outros. Está associada à nossa capacidade de responsabilizar a nós mesmos por tudo o que acontece em nossas vidas, positiva ou negativamente.
A autorresponsabilidade é uma capacidade que pode ser desenvolvida, pois muitas vezes terceirizamos. A partir do momento em que a pessoa assume a responsabilidade pelo que acontece em sua vida, é possível vivenciar mudanças reais nos hábitos. Ela permite que as pessoas sejam mais empáticas e estejam mais dispostas a pensar sobre suas atitudes. A falta de autorresponsabilidade é um empecilho para avanços em todos os setores da vida humana: afetiva, emocional, financeira, familiar, conjugal, profissional, ministerial e psíquica. Afinal, terceirizar responsabilidade é uma forma de culpar e cobrar do outro o que era responsabilidade da pessoa. Mas como mudar essa realidade? É importante lembrar que mudanças não acontecem do dia para a noite. Uma nova postura exige esforço e dedicação, para que assim se feche um ciclo e passe para o outro.
No capítulo 41 do livro de Gênesis, vemos José na presença de Faraó, depois de ter sido lançado injustamente na prisão. José sempre foi autorresponsável com sua fé, seu amor e temor ao Deus que ele cria. O período em que esteve na prisão foi sua fé que o sustentou. Ele não fugiu de sua responsabilidade ministerial e mesmo na prisão exercia sua fé e seu ministério na interpretação de sonhos. Isso o levou diretamente da prisão ao palácio. Não foi fácil, pois os 30 anos que antecederam a honra do governo do Egito foram repletos de conturbações em sua vida.
Tudo começou a partir de um sonho que o próprio Deus lhe deu. Por causa disso, as pessoas que ele mais amava primeiro o lançaram no poço e depois o venderam como escravo. Tudo mudou em sua vida. Ele passou de filho favorito de Jacó a escravo do Egito, perdendo suas regalias para viver uma vida de escravo. Deixou de ser amado e preferido por seu pai Jacó, no meio de um povo diferente, numa terra que não conhecia, numa cultura totalmente aversa à sua e longe de todos que ele amava. Mas, com tudo isso, ele assumiu a responsabilidade por sua vida naquele lugar inóspito. Da casa de Potifar direto para a prisão, tornou-se mais consciente e responsável por suas atitudes e decisões. Ele permaneceu firme em sua vida, mas nas mãos de Deus e com responsabilidade.
Foi exatamente a responsabilidade que o destacou na prisão, pois se dedicou veementemente ao que fazia. Ele começou a se interessar pelo problema dos outros presos e usou seu talento dentro da prisão de forma responsável. Foi exatamente nesse momento que a vida de José mudou. Ele começou a gerar uma transformação para quebrar um ciclo em sua vida - e quebrou, ajudando. Ele tirou os olhos de sua dor e olhou ao seu redor para a dor dos outros. De repente, a porta da prisão se abriu, e ele saiu direto para o trono do Egito. O segredo de José é que ele foi autorresponsável e usou seu dom.
O que o move? José saiu da prisão carregando o que o movia. Use a ferramenta da autorresponsabilidade, assuma sua vida, pare de culpar os outros. Você está exatamente onde se colocou, e somente você, exercendo a autorresponsabilidade, pode tirar-se daí. Sair desse ciclo e iniciar outro está em suas mãos. Faça como José, acredite no que você carrega. Meditar, estudar e refletir sobre esses exemplos de vida é uma inspiração para todos nós. "Não há modo mais forte e suave de ensinar do que o exemplo: persuade sem retórica, reduz sem porfia, convence sem debate, desata todas as dúvidas e corta caladamente todas as desculpas" (DUWEL, 2004).
O exemplo de José nos inspira com suas superações, conquistas e capacidade de sonhar. A vida de José foi cheia de altos e baixos devido às duras provas que assolaram suas emoções, mas não alteraram seu comportamento e atitudes. Ele permaneceu autorresponsável e cheio de fé. Manteve-se íntegro e ousado. José sabia quem ele era "em Deus", por isso usou de ousadia em sua vida. Reconhecer seu potencial e evitar o medo são atitudes que podem encaminhá-lo para a autorresponsabilidade.
O medo é um grande inibidor de possibilidades. Ele faz você se esvaziar e perder seus objetivos. É preciso entender que "a coragem não consiste na ausência de medo, mas na capacidade de prosseguir mesmo quando se está temeroso" (COLLINS apud AGUIAR, 2004, p. 142).
Márcia Souza
Aluna de Teoterapia
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