Naquele memorável dia, marcado pela ressurreição, os discípulos encontravam-se reunidos, enquanto algumas mulheres e também alguns dos discípulos já haviam visitado o sepulcro. Os eventos que precederam a crucificação e morte de Jesus haviam cativado toda Jerusalém. A despeito de sua morte, Jesus havia ressuscitado. Cleopas e seu companheiro haviam testemunhado a crucificação e agora se dirigiam a Emaús, carregando consigo preocupação, desesperança, tristeza, decepção, desânimo, incredulidade e desolação. Eles se distanciavam do horizonte futuro e das oportunidades não vividas, retrocedendo para o ponto de partida de sua jornada com Jesus. Sem dúvida, aquela jornada de poucos quilômetros transformou-se na mais árdua de suas vidas, uma jornada de retorno ao passado, uma regressão à antiga vida.
Entretanto, mesmo no trajeto para Emaús, não estamos sozinhos. Jesus aproximou-se deles, iniciando um diálogo. Eles rememoraram os feitos grandiosos e poderosos realizados por Jesus e descreveram detalhadamente sua morte perante as pessoas. A esperança de redenção para Israel havia sido abalada, gerando uma profunda decepção. Embora chorassem a morte de Jesus, Ele estava vivo. Quando ficamos presos a eventos passados, perdemos de vista o presente e nos distanciamos de um futuro repleto de potencialidades.
O amor de Jesus por eles se manifestou no ato de partir o pão, um gesto íntimo que reavivou a esperança. Nesse momento, eles passaram a trilhar o mesmo caminho de volta, porém com pressa e regozijo em direção a Jerusalém, local de bênçãos e comunhão. Frequentemente, ficamos impedidos de experimentar o presente devido à fixação em um passado sombrio e trágico. Contudo, em nossos corações, arde o reconhecimento da voz do Senhor que nos convoca. Ele nos capacita a enxergar novamente, transforma nossas narrativas, revitaliza nossa fé e esperança, e nos direciona mais uma vez para o caminho de Jerusalém.
Isso representa a ação terapêutica de Jesus, uma verdadeira jornada de cura e restauração.
Em última análise, a narrativa dos discípulos a caminho de Emaús nos relembra da capacidade transformadora do encontro com a presença de Jesus. Como eles, muitas vezes nos encontramos presos em nossos próprios passados, afundados em desilusões e tristezas que obscurecem nosso presente e obscurecem as promessas do futuro. No entanto, assim como Jesus se aproximou dos discípulos em sua jornada de retorno, Ele também se aproxima de nós, mesmo nos momentos em que nos sentimos perdidos e desorientados.
A cena do partir do pão nos mostra a importância da intimidade com Jesus, que renova nossa esperança e reacende a chama da fé. Ele nos convida a deixar para trás as bagagens do passado e a abraçar a jornada de transformação e restauração que Ele oferece. Essa jornada não é apenas uma mudança superficial, mas uma cura profunda que modifica nossas perspectivas e nos guia em direção a um futuro cheio de possibilidades.
Portanto, a história dos discípulos de Emaús nos convida a reavaliar nossas próprias vidas, a reconhecer os momentos em que estamos voltando ao passado e a permitir que o encontro com Jesus nos conduza de volta ao presente e ao futuro. Assim como Cleopas e seu companheiro, podemos experimentar a ação terapêutica de Jesus, permitindo que Ele cure nossas feridas, mude nossas narrativas e nos guie em direção à plenitude da vida que Ele promete. Que possamos, como eles, voltar a Jerusalém com pressa e jubilosos, abraçando a bênção e a comunhão que nos aguardam, renovados pela esperança e pela graça transformadora de nosso Senhor.
Alexandre Faria
Teólogo, Pastor, Conselheiro Familiar
Aluno de Teoterapia ABT 1.0026-MG provisória
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